Precisamos repensar a Educação Corporativa

07 de maio de 2021
Andragogia
Educação Corporativa

O recurso mais importante de uma empresa são suas pessoas, com seu conjunto único de habilidades e competências para produzir algo de valor para a sociedade. Analisando essa frase, parece óbvio que a educação e o desenvolvimento das pessoas deveria ser uma prioridade estratégica das empresas. Porém, na prática, nem sempre é assim.


Neste artigo, listei alguns fatores importantes para refletirmos sobre a educação corporativa:


1- Precisamos parar de apagar incêndio

Absorvidos por uma rotina intensa de reuniões, e-mails, metas, relatórios, o tempo para estudar, refletir, desenvolver pode acabar ficando em segundo plano em muitas empresas. O bom e velho "estamos sempre apagando incêndio." No Brasil, essa realidade é ainda mais grave, uma vez que existe um déficit de educação frente as exigências do mercado, com vagas em aberto por falta de qualificação para preenchê-las. Esse cenário é diferente em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, em que as grandes empresas dobraram seu investimento em T&D em 2020 . Ou seja, estamos sempre correndo atrás da máquina, e o pior, defasados.


2- Precisamos entender as necessidades de aprendizado

Não é mais suficiente oferecer o mesmo treinamento para todo mundo. As necessidades de desenvolvimento variam conforme as competências de cada indivíduo e seu estágio na carreira. Desta forma, é preciso mapear em conjunto com as pessoas, as principais áreas de desenvolvimento, que façam sentido para a empresa e para suas carreiras.


Também não é mais suficiente focar somente em treinamentos técnicos. Segundo o Workplace Learning Report do Linkedin (2020), as soft skills tornaram-se cada vez mais relevantes no cenário da educação corporativa. Um dado que me chamou atenção neste estudo é que os CEO´s investem 20% mais tempo no desenvolvimento de soft skills do que outros cargos. Então, se um CEO acha que não sabe tudo sobre o desenvolvimento de suas habilidades comportamentais, por que seria diferente para os demais cargos da empresa?!


3- Precisamos colocar o colaborador no centro da experiência de aprendizado

A andragogia é a ciência que estuda o aprendizado em adultos e um elemento chave destacado por esta abordagem é a autonomia do aprendiz. Os colaboradores devem ser protagonistas do seu desenvolvimento, devem ser capazes de perceber a relevância do conhecimento para seu trabalho e sua vida, devem ser capazes de conectar o conhecimento com a prática e assim serem capazes de provocar mudanças.


"A mudança é o verdadeiro resultado do aprendizado" - Leo Buscaglia (escritor)



Precisamos ter formas de aprendizado além de somente dar uma enxurrada de conteúdo expositivo e esperar que as pessoas absorvam tudo. Metodologias de aprendizado como os jogos colocam o participante no centro da experiência. O autor Yu-Kai-Chou é um dos maiores estudiosos sobre gamificação e ele argumenta que o aprendizado através dos jogos é uma forma de "Human-focused design learning" , ou seja, aprendizagem centrada no usuário. Em um jogo ou treinamento gamificado, os participantes ficam imersos em uma experiência e com isso conseguem absorver de forma mais aprofundada os conceitos e conteúdos que são desenvolvidos.


Somado a isso, a andragogia também defende que precisamos pensar em diferentes formas de aprendizado que se complementem entre si. Atualmente temos diversas ferramentas a nossa disposição, tais como: vídeos, cursos online, palestras, jogos, dinâmicas, etc. A combinação dessas metodologias é o que gera mais retenção de aprendizado.


"Você não entende algo até que tenha aprendido de formas diferentes" - Marvin Minsky (cientista cognitivo)



E por fim, é preciso ter consciência que o aprendizado não é algo sazonal, mas sim um processo contínuo, que deve ser incorporado as rotinas dos colaboradores e estar em constante aprimoramento e avaliação.


Espero que tenha gostado da reflexão e se tiver algum comentário a respeito, adorarei ler e debater o assunto. :)